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Mudanças entre as edições de "COVID-19 nas favelas"

De Corona Wiki

 
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Edição atual tal como às 11h34min de 27 de maio de 2020

Orientações para favelas e periferias sobre o Covid-19

Muitas recomendações para proteção contra o Covid19/Coronavírus não são possíveis para uma parcela significativa de brasileiros, que vivem em regiões favelizadas e periféricas. Situações como essas mostram como nosso país é desigual e muitos cidadãos têm o direito à saúde negado.


Para ajudar neste problema o Grupo de Trabalho de Saúde da População Negra da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC) juntamente com a Associação de Medicina de Família e Comunidade do Rio de Janeiro (AMFaC-RJ) desenvolveram um Documento com o objetivo de orientar a população das comunidades e periferias de todo o Brasil sobre a importância da prevenção do Covid-19.


Este documento apresenta dicas como:

  • Como e quando lavar as mãos;
  • Quais são as melhores formas de proteção?
  • Uso de máscara, como usar? qual usar?
  • Como realizar a limpeza da casa;
  • Como agir se alguém da casa estiver com suspeita de Covid?
  • Como entreter as crianças?
  • E quem precisa continuar trabalhando? Como deve se proteger?

Estas dicas procuram ser viáveis e estar de acordo com a realidade vivida pelas pessoas que sobrevivem em condições de vulnerabilidade. [1]


Medidas para reduzir o impacto da Covid-19 nas Favelas brasileiras

A CUFA (Central Única das Favelas) preocupada com a atual situação da pandemia nas favelas brasileiras lançou uma proposta com medidas para reduzir o impscto da Covid-19 no território das Favelas brasileiras. Neste documento destacam que serão necessários bem mais ações e que este conjunto de medidas visa alcançar um público que ficou fora das medidas formais adotadas até aqui. Em particular, os que se encontram economicamente fragilizados e habitantes em territórios de desigualdade. Os números, que nos ajudam a focalizar estas medidas, são: 77 milhões de pessoas estão no cadastro único; 66 milhões de pessoas de renda muito baixa (menos de ½ SM per capita); 41 milhões no bolsa família; 11 milhões com renda não muito superior a ½ SM.

Para tentar diminuir o impacto, sugeriram as seguintes propostas para serem levadas até os poderes públicos executivos e legislativos responsáveis pelas decisões políticas do país:

a- Distribuição gratuita de água, sabão, álcool 70º em gel e água sanitária em quantidade suficiente para cada morador das favelas brasileiras.

b- Organização em mutirões do Sistema S e das Centrais de abastecimento para a distribuição de alimentos durante os meses de março, abril, maio e junho, meses em que são esperadas muitas pessoas infectadas pelo novo Coronavírus. Essa distribuição de alimentos, principalmente para as famílias que tenham crianças, idosos ou pessoas com maior risco de contraírem a Covid19, é uma medida humanitária urgente: tanto para manter a alimentação para as crianças que não estarão frequentando a escola, quanto para manter a integridade imunológica das pessoas mais suscetíveis ao vírus.

c- Aluguel de pousadas ou hotéis para idosos e grupos vulneráveis com estrutura para repouso; nas favelas, na maioria dos lares, não há possibilidade de isolamento, o que compromete a saúde de todos.

d- Parceria com agências locadoras de veículos ou com operadores de transportes de passageiros (vans e ônibus) para a locomoção imediata de pessoas infectadas para centros de saúde, quando houver indicação médica.

e- Instituição do Programa de Renda mínima para as famílias já inscritas no Cadastro Único e adicional de renda para os cadastrados no Bolsa Família. Aumento do apoio financeiro para famílias já inseridas no programa de tarifas sociais.

f- Decreto apoiando economicamente as micro e pequenas empresas que tenham autorizado seus funcionários a permanecerem em casa (sem desconto no pagamento).

g- Apoio às empresas de água, luz e gás que isentarem o consumidor do pagamento durante 60 dias, para famílias com renda de até 4 salários mínimos.

h- Incentivo para que a população compre dos pequenos comerciantes, mais frágeis frente aos problemas econômicos advindos da pandemia.

i- Liberação de pontos de internet junto às empresas de fibra ótica para garantir acesso universal à rede. Isso é primordial para a comunicação de medidas de prevenção e cuidados para a população.

j- Financiamento para as redes de comunicação próprias de cada favela: rádios comunitárias, sites, jornais impressos ou virtuais, TVs.

k- Apoio financeiro específico para as famílias das crianças que estarão impedidas de frequentar as creches.

l- Apoio financeiro específico para famílias com pessoas portadoras de deficiência.

m - Criar uma rede de comunicação com apoio técnico do Ministério da Saúde para filtrar e fazer verificações, em tempo real, das informações compartilhadas em redes sociais para as favelas.

n - Ampliação das equipes de saúde da família para prevenir e informar as favelas, para que se evite lotação nos hospitais.

Essas medidas, além de humanitárias e eticamente defensáveis, visam preservar o Sistema Único de Saúde (SUS) de um colapso frente ao contingente projetado de pessoas infectadas. [2]


Referências:

1 GT de Saúde da População Negra da SBMFC. Orientações para favelas e periferias. Rio de Janeiro: AMFaC-RJ : SBMFC, 2020. Disponível em: https://www.unasus.gov.br/especial/covid19/pdf/51 2 CUFA. Propostas de medidas para reduzir os impactos da pandemia de Covid19 nos territórios das favelas brasileiras. 18/03/2020. Disponível em: https://www.cufa.org.br/noticia.php?n=MjYx